sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Cap 09 - Compartilhamento


 É tão bom quando encontramos pessoas com quem possamos compartilhar problemas, felicidades, tristezas.
 Lia guarda muitos problemas, muitas tristezas e traumas. Será que criar vínculos com as pessoas é amedrontador ou maravilhoso?
 Depois da tempestade passar Lia irá descobrir que o céu sempre se abre, revelando assim um magnifico Sol que irá fazer sua vida brilhar de uma outra forma!

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"– Já que tudo está resolvido, vocês com a exceção de Brenda ficarão aqui até o próximo sinal, de castigo. – Dizendo isso a inspetora pega Brenda pelo braço, e a leva para fora da sala."
 Assim sobrando apenas Lia e Rikku que ainda continuava parado, com a cabeça virada e o cabelo no rosto. Lia anda e se aproxima de Rikku, parando de frente pra ele. Levanta a mão e toca na bochecha dele, ela vira o rosto dele devagar para frente e tira o cabelo da frente suavemente, desvendando assim as lágrimas em seu rosto.
 Ela fala baixinho. – Ri-chan... – E Então passa os dedos de leve secando as lágrimas dele. Ela nota que onde o pai dele bateu ficou bem vermelho. O olha nos olhos. – Sabe Ri-chan, na minha casa também é assim... Quero dizer... Meu pai, não é bem meu pai de verdade, ele é meu padrasto, minha mãe se casou de novo faz anos, eu era criança ainda. E com meu novo pai veio uma irmã mais velha. Ela não gostava muito de mim, meu padrasto queria que ela se casasse com um filho de um amigo dele, mas ela fez de tudo para empurrar ele pra mim... Daí meu padrasto quis me obrigar a ficar noiva e eu nunca aceitei, sempre que tocávamos nesse
assunto brigávamos.
 Logo minha mãe engravidou de novo, e teve mais um filho, meu irmão mais novo. Eu senti minha família desaparecendo... Eu não faço mais parte dela sabe...

 Então como eu sempre dizia que queria estudar e ir embora de lá, eu acabei pegando um dia e vindo fazer a prova aqui na escola sem eles saberem... Na ultima vez que briguei com meu padrasto, ele descobriu que eu passei na prova, e me bateu, minha mãe não fez nada... Ai ele disse bem assim “– Ótimo! Suma da minha casa! Vá para casa da sua prima, eu até pago pra você desaparecer, mas NUNCA MAIS VOLTE! Essa não é mais sua família. Você não tem mais lugar aqui!”... Depois disse ele ligou pra minha prima, e pegou todas as minhas coisas e jogou na rua, todas as minhas roupas, tudo, os vizinhos olhando... E ainda jogou o dinheiro da passagem na minha cara. Daí eu vim parar aqui... – Lia deu uma pausa, e olhou para o lado e novamente para Rikku e continuou. – Por isso eu entendo como você está se sentindo. A vergonha de passar por isso na frente de outras pessoas. De ninguém fazer nada para te ajudar... Eu sei bem como é tudo isso. – Ela da um sorriso ainda olhando para Rikku, pega novamente no rosto dele dessa vez com as duas mãos. – Eu estou aqui com você! Se quiser chorar, pode chorar, eu ficarei do seu lado!
 Ele a olha e também da um sorriso. – Obrigado! Mas eu não vou chorar, sua caipira. – E assim os dois sorriem. Lia conseguiu quebrar um pouco a tristeza no coração de Rikku, coisa que a deixou feliz. Eles então se sentam nas cadeiras da sala.
– Mas que droga, por culpa daquela idiota teremos que limpar os banheiros... – Resmunga Rikku.
– Né, estou até vendo... – Lamenta Lia. Ela fica olhando para o teto, ainda sentada na cadeira e pergunta. – Né, Ri-chan...?
– Hum...?
– Sabe... Me passa o seu numero?
 Ele se vira um pouco rápido para olhá-la, seu rosto demonstra expressão de timidez. – Hum... P-para que você quer meu numero...?
 Ela o olha. – Bem... Para escovar os dentes é que não é.
 Ele entorta as sobrancelhas de raiva, e Lia da uma risadinha. – É... Sua ironia é contagiosa. Claro que é para mim te ligar, te mandar mensagens e coisas do tipo!
 Ele vira a cara para frente, empinando o nariz de raiva.
– Ahhh qual o problema? A Brenda-chan me deu o numero dela... – Fala emburrada.
 Ele pega seu celular, e fica mexendo, de repente o celular dela vibra. Era uma mensagem Bluetooth com o numero de Rikku. Lia sorri e reponde a mensagem, mandando o numero dela. Ela em seguida olha para ele. – Viu! Ser simpático não mata! – Ele novamente fecha a cara de emburrado.
 Quando eles ouvem o sinal tocando a inspetora abre a porta com tudo.
– Vamos, está na hora de vocês irem. Lembrem-se nada de aparecerem aqui essa semana! – Diz ela insistentemente enquanto eles saem.
 Eles vão para o portão de saída e param.
– Hum... Como... Como vamos fazer? Sabe... A viagem? – Pergunta Rikku.
– Hummm, eu te ligo depois que falar com a Brenda-chan. Ok?
– Hum... – Ele responde indo embora.
– Até mais Ri-chan! – Diz ela bem alto toda animada.
 Rikku para virando rapidamente, a olha com raiva e com o rosto vermelho. – S-sua caipira, n-não me chame de... – Antes de terminar a frase ele fica mais vermelho ainda. Lia sai correndo dando risada.
 No caminho de casa ela fica pensando que terá que aguentar a frieza de sua prima. Ela queria ir para a casa de sua avó naquele mesmo momento.
 Ela chega em casa, para no ultimo degrau, respira fundo e abre a porta. Amara está na sala vendo TV. Lia entra, passa por Amara que nem fala com ela. Lia se sente até melhor assim, melhor ser ignorada do que maltratada. Ela sobe as escadas e vai para seu quarto, coloca sua mochila na mesinha, e vai para a janela ficar olhando a rua. Fica um bom tempo assim, pensando em seus problemas, quando se da conta já está escurecendo. Então aproveita para tomar banho. Enquanto sua prima faz a janta para logo mais ir para o trabalho.
– Garota, sai logo desse banheiro, eu preciso me arrumar para ir trabalhar! – Berra Amara batendo na porta.
 Lia esta terminando de pentear o cabelo, mas resolve sair logo para evitar mais confusão. Ela vai para seu quarto. Sua prima sai para o trabalho depois de uma meia hora. O céu já esta escuro, com umas nuvens negras, ela fecha a janela do quarto, pois o vento que entra pela janela é frio. Lia acaba por deitar na sua cama e pega no sono.
(...)
 Ela ouve ao fundo uns barulhos, como se tivesse algo batendo... Lia desperta devagar. Esfrega os olhos e vai para perto da janela.
– M-mas o que é isso? – Ela se pergunta um pouco assustada.
 Então decide abrir a janela, e quando ela olha para baixo, ela tem uma surpresa, pois era Rikku.
– R-ri-chan! – Exclama surpresa.
 Ele faz sinal para ela descer. O que será que Rikku quer essa hora? Lia desce correndo de seu quarto, vai para a porta da frente e a abre.
– Ri-chan, o que foi? – Pergunta preocupada.
 Ele a olha com um olhar preocupado. – Lia... E-eu não posso voltar para casa agora. E-eu fugi, se não eu não poderia ir com vocês no sábado...
– Ãh? Você fugiu, mas... – Ela fica sem saber o que dizer.
– Meu pai continuou me enchendo por causa da Yumi, daí juntei umas roupas nessa mochila e fugi! Mas ele não vai vir atrás de mim, já fiz isso outras vezes e ele nunca veio. – Diz ele coçando o rosto.
– E-em todo caso... Entre está muito frio ai fora. – Ela diz isso e abre mais a porta para ele entrar. Realmente, está muito frio, a noite parece que será bem gelada.
 Rikku entra e eles ficam parados sem saber direito como agir.
– C-como você sabia que aquela é a janela do meu quarto? – Ela pergunta curiosa.
– Eu não sabia, eu chutei, se sua prima abrisse, eu ia sair correndo.
– Você é louco! – Ela diz isso sorrindo e indo preparar um chá para eles tomarem.
 Ele senta-se à mesa e coloca a mochila apoiada na cadeira.
– O que vamos fazer agora...? – Lia questiona.
– Eu não sei... – Ele responde.
– Bem... Minha prima não volta tão cedo, ela na verdade, chega quando esta quase amanhecendo. Acho que da para você ficar aqui pelo menos essa noite. Depois que ela chegar e for dormir a gente da um jeito de sair... O que você acha? – Ela pergunta se aproximando com o chá.
 Rikku pega o chá, e Lia senta ao seu lado. – Eu não quero incomodar... Desculpe vir assim...
 Lia dá um gole no chá, o assoprando devagar. Olha para Rikku. – Você não precisa pedir desculpas. Estamos nessa enrascada toda porque eu fui bater na Yumi, o mínimo que posso fazer por você é te ajudar hoje.
 Eles terminam o chá, e Lia prepara um banho para Rikku. Enquanto ele toma banho, ela arruma um colchão improvisado, para ele dormir no chão, ao lado de sua cama. Lia acaba se lembrando de seus antigos amigos, os gêmeos Toni e Tônia. Sempre que ela ia para casa deles, os três dormiam juntos na mesma cama. Ela sente saudades daquela época.

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 Realmente é gostoso escrever cenas com Lia e Rikku. Eu amo muito o jeito que eles se relacionam, começaram brigando mas ao mesmo tempo mexendo um com o outro. Não vou negar que eles se abalam, pois são tão diferentes e ao mesmo tempo tão parecidos. Lia criou uma certa amizade/rivalidade com Rikku, que só irá aumentar com o passar dos capítulos. Mas, será que eles passarão uma noite tranquila dormindo no mesmo quarto?
Não percam o próximo capitulo, pois ele estará BOMBANDO!



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